segunda-feira, março 17, 2008

8.

Há um odor intenso de alecrim (conta Maria Teresa) misturado no ar de fuligem. Como no primeiro capítulo dos romances sul-americanos. Lalice abriu o portão das traseiras e saiu ao combarro, desviou umas tábuas de esquadria e pegou num caibro de quinze arrobas, levou-o atravessado um pouco acima da cintura e estendeu-o de lado a lado na estrada de saibro; arrumou-se de novo à pedra da entrada e ficou à espera, os braços cruzados, a perna esquerda flectida ligeiramente, até que a camioneta da carreira arrancou e parou quarenta metros depois com a passagem impedida: as crianças num alarido como se tivesse parido a galega. A camioneta parou com o motor ao ralentim. O motorista saiu e pediu «ao cavalheiro, em nome do progresso», que desviasse o pau. E o Lalice ria-se. E perguntou se a camioneta «não fazia cavalinhos». E riu-se de novo. E puxou um novo cigarro (a manhã clara, sem uma nuvem) em gestos de uma lentidão exasperante.