quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Palavras

mudam-se os tempos
e às vezes palavras
nem o vento as leva

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Um milagre

Um milagre peço desculpa
pela referência
recorrente
não se repete
só este o
das amendoeiras ano
após ano em
flor
no inverno.

Nascente

Os troncos das bétulas
antes da neve,
a nuvem, o vento,
o âmbar, o mar,
a árvore, a água,
o lume, o incenso,
a maré, o granizo,
a nascente, a raiz.

O que não tece
nenhum tear
e não reverte
de nenhum ofício.

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

As despedidas

Estás sentada num degrau da escaleira de casa e é como se fosse o estrangeiro. Um vento ergue-se e não se movem as folhas das mais próximas árvores. Estás sentada num degrau da escaleira de casa e uma nuvem fica por instantes poisada nas tuas mãos abertas. No teu rosto, com as águas subterrâneas, uma navalha de gelo desenha as raízes dos bosques das encostas frias. Não é ainda a noite. Mas não se movem as folhas das mais próximas árvores e há um vento que faz estremecer o mundo.

O mar no Inverno

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sábado, fevereiro 17, 2007

Fevereiro, 1

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Fevereiro, 2

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Um sonho antigo

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quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Cartografia

O mundo conhecido
tinha o tamanho
de cada uma das viagens
que faziam.

O princípio

Desenhavam os mapas, erguiam
os muros. Erguiam os muros,
desenhavam os mapas.
A cartografia era uma ciência
recente. Como ter uma casa.
Ou delimitar uma propriedade.

Às vezes/ uma sílaba

Às vezes/ uma sílaba, quanto mais/ um verso.

domingo, fevereiro 11, 2007

[Estudo]

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Este Lado Para Cima

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J. C. Barros. «Este Lado Para Cima». Acrílico sobre tela, 70x70 cm.

E La Nave Va

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J. C. Barros. «E La Nave Va». Acrílico sobre tela, 60x50 cm.

sábado, fevereiro 10, 2007

Se chovesse

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Memória da Água

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quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Memórias

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segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Em vez das palavras

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Ainda O Livro

Borges, em «Prólogo de Prólogos» (ed. Teorema, vol. IV, pg. 11), escreve: «Cerca de 1926 incorri num livro de ensaios de cujo nome não me quero lembrar…». «Dom Quixote de la Mancha», na edição da editora quase homónima (Dom Quixote), começa assim: «Num lugar da Mancha, de cujo nome não quero lembrar-me…»

A literatura não é outra coisa senão as repetições, o eco de um verbo antigo, um nome ou uma frase que se repete, o sobressalto de reconhecermos numa voz uma outra voz que se prolonga num texto, que a renova, que lhe dá um novo sentido.

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Agora que o inverno

Agora que o inverno parece ficar poisado
pelo fim da tarde nos ramos sem uma única folha
de tantas árvores do pomar
olhas de novo as laranjas
a sua luz imensa
a iluminar uma parede de cal.