segunda-feira, março 24, 2008

18.

Há vinte e seis meses exactos: João Pequeno e Serapião Afonso bebem dois cálices de licor de cereja e saem da taberna da Emília. Pedro, o Louco, ficou até mais tarde na Vila. Do alpendre da casa velha, junto à figueira, vê-os sair, sentarem-se por instantes numa pedra do muro, seguirem a caminho do Toural. Pedro não compreendeu logo o que fazia Américo Matias dentro do edifício da Câmara, de vigia, colado pela sombra da noite aos vidros da janela que depois abriu num estalido e tirou do engonço. O comerciante saiu e correu na direcção da casa do largo. Passado algum tempo, Pedro viu o doutor Magalhães a descer pela escaleira exterior. Ficaram ambos parados (Américo e o doutor) um momento breve. Depois, numa corrida nervosa, rumaram em sentido contrário até ao posto da guarda.