domingo, setembro 30, 2007

As fases da lua, 2

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As fases da lua, 1

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quarta-feira, setembro 26, 2007

As Indecisões do Príncipe Perfeito, 1


J. C. Barros. Acrílico e pastel sobre tela, 60x60 cm, 2007.

O que fica

de um poeta inovador de meados do séc. XX
culto e atento às coisas do seu tempo
escreve agora um crítico literário de
vinte e quatro anos acabado
de sair da faculdade de letras
definitivo a dissecar-lhe a vasta obra
que «é um poeta datado»

e pronto

Carris, 1989


J. C. Barros. Acrílico sobre papel, 21x29,5 cm, 2007.

Um fim de tarde no bosque de carvalho alvarinho, 3


J. C. Barros. Acrílico sobre tela, 60x60 cm, 2007.

Um sonho de Eduardo Gageiro no Alentejo em 1981



J. C. Barros. Acrílico e pastel sobre tela, 60x60 cm, 2007.

Um fim de tarde no bosque de carvalho alvarinho, 2


J. C. Barros. Acrílico sobre tela, 60x60 cm, 2007.

[Fragmentos, 3]

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[Fragmentos, 2]

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[Fragmentos, 1]

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segunda-feira, setembro 24, 2007

Um fim de tarde no bosque de carvalho alvarinho

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Amo-te

«amo-te»
dizias tu a olhar
pelo retrovisor

Fim de tarde, 2

a água das nascentes
vem
do fim de tarde

sexta-feira, setembro 21, 2007

Fim de tarde

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quinta-feira, setembro 20, 2007

Lugar, 3

Um dia as mulheres da casa fecham os armários
à chave e um caderno de deve e haver fica esquecido
na cómoda. O inverno espalhará as suas sombras
nas varandas viradas ao nascente.
A humidade e a insídia entram nas gavetas
até não se distinguirem os rostos
das fotografias.
É sempre tarde. Os filhos
nunca regressam.

terça-feira, setembro 18, 2007

Lugar, 2

Somos estrangeiros quando chegamos
e nenhuma criança vem a correr ao nosso encontro
com os seus archotes de vela
de navio. Somos estrangeiros quando
uma fina película de oxigénio
separa os nomes das coisas
e a memória de cada uma das coisas
nomeadas.

Lugar, 1

Vinha de longe como se viesse do futuro.
E misturava no ar as substâncias desconhecidas: o gasóleo
e a fuligem, o tisne, a pedra volátil.
As mulheres ficavam à porta, deixando por algum tempo
a lida de casa, a olhar a camioneta da carreira,
a poeira levantada dos caminhos de saibro.
Há sempre um instante preciso
a delimitar a fronteira
entre dois mundos: é o fim de uma manhã de setembro
e um milhafre desenha-se sobre a cumeada
enquanto a camioneta da carreira
faz estremecer de um modo quase imperceptível
as folhas minúsculas do espinheiro da virgínia
do largo.

segunda-feira, setembro 17, 2007

A protecção

Nos seus pesadelos
os monstros vêem a meio da tarde
os nossos olhos a perfurá-los por dentro

e esperam a noite
a protecção das sombras
um relâmpago

Ainda e sempre os monstros afáveis





jcb

domingo, setembro 16, 2007

Ainda a luz de Setembro

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O mundo, 2

O mundo
é como vês o mundo.
A pedra é o que vês
olhando a pedra.
A água existe
porque mergulhas as mãos
na água.
O vento faz mexer
as folhas das árvores
porque vês as folhas das árvores
a ondular
quando o vento corre.

O mundo

jcb

quinta-feira, setembro 13, 2007

O que muda

A luz é a mesma.
Tu é que, caminhando,
a vês de maneira diferente.

segunda-feira, setembro 10, 2007

A luz de Setembro

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[Quase nada, 3]

Nenhum poema

Tu, Dolfo, cavador
de enxada, quanto me ensinaste
da vida que não vem
nos livros. E em tua casa,
na cozinha de terra
batida, que vinho
haveria de suplantar
esse que bebemos do jarro
em bouquet, em coloração,
em extracto etéreo, em substâncias
voláteis? E o que dizemos
sobre o mundo
visto assim a olhar
a floração da urze ou
os talvegues que descem
a caminho da veiga,
Dolfo, que outra sabedoria antiga
contrapõe? E amanhã
estaremos juntos de novo
e isso nenhum poema
conta
verdadeiramente.

sábado, setembro 08, 2007

[Quase nada, 2]

Um leilão em Cacela

O porte, claro. A curva
do pescoço, a cabeça, a coloração,
o tamanho da pupila,
a aerodinâmica, as últimas
três penas da asa. Mas sobretudo
a linha antecedente: a
genealogia, o nome, o livro, o saber-se
de onde vem há quantas
gerações. E nem mulheres
de filme os deixariam assim: embevecidos
a olhar os pombos.

sexta-feira, setembro 07, 2007

10 livros que não mudaram a minha vida

Em resposta ao desafio do António Manuel Venda (a proposta inicial é de Manuel A. Domingos e o assunto tem dado pano para mangas: aqui, aqui, aqui e aqui, só a título de exemplo) escolho aquilo que supostamente serão dez grandes livros. Critério: títulos sobre os quais criei ou me criaram imensas expectativas e no entanto me deixaram indiferente ou de pé atrás. O mais certo, portanto, é que se trate de grandes livros que apenas não encontraram em mim o leitor que o seu mérito literário justificava ou merecia.

- «A Fogueira das Vaidades», Tom Wolfe
- «A Misteriosa Chama da Rainha Loana», Umberto Eco
- «A Cruz de Santo André», Camilo José Cela
- «A Cidade das Flores», Augusto Abelaira
- «Big Sur», Jack Kerouac
- «Pedro Páramo», Juan Rulfo
- «As Rosas de Atacama», Luís Sepúlveda
- «José e os seus Irmãos», Thomas Mann
- «Os Duros não Dançam», Norman Mailer
- «Olhai os Lírios do Campo», Erico Veríssimo

Gostaria que continuassem o desafio: o Fernando, o Luís, o Diogo, M e a Isabela.

segunda-feira, setembro 03, 2007

[Quase nada, 1]

Os incêndios

Eu assim também
lia o oráculo: esta mata
vai arder. Não era preciso
um fósforo
ou o horóscopo
ou um rastilho aceso.
Mais que certo:
os pinheiros bravos
destinados
aos incêndios
do Verão.

domingo, setembro 02, 2007

[Ainda as caixas de comentários]

Como outros se lavam
recatadamente há os que
escolhem conspurcar-se
em público abrindo

a boca escorrendo-lhes
baba ou deixando em blogs
alheios o seu próprio
ranço nas caixas

de comentários
em mau português. E quase
nunca é propositado

mas apenas quase
sempre a falta de sexo
ou de ternura ou

a ignorância acrescida
de nunca terem tido
um espelho onde pudessem
vagarosamente olhar-se

nem livros na infância.
E é enfim o pretexto
para nos lamentarmos
a meio de conversas

sobre o campeonato
de se ter demitido
por razões pedagógicas

o sistema de ensino
de baixar a bola
a refractários deste calibre.