domingo, outubro 12, 2008

31.

Choveu durante dias a fio. As ribeiras galgaram as margens, as águas correram no vale, subiram as linhas das encostas. Nunca mais se soube de João Pequeno; nem de Américo Fontes. Até que chegou à Vila a notícia de um carro encalhado nas pedras a seguir ao gralheiro da Presa do Lameiro Grande. Só podia ser que tivesse caído da Ponte de Arame e o arrastasse a correnteza; as tábuas, a meio da ponte, estavam partidas. Mas era impossível compreender o que levara um Fiat Balilla, numa madrugada chuvosa de Abril, a aventurar-se sobre uma ponte pedonal que ligava, é certo, uma parte do mundo a outra parte do mundo, o estradão da Aldeia às estradas de macadame e às luzes das cidades longínquas.