Falemos do passado: porque só o futuro interessa.
Falemos do amor traído e da exaltação
quase inverosímil da luz derramada
nas tijoleiras dos pátios. Falemos dos rios e
desse Inverno antigo em que as águas ergueram
nos troncos das árvores das margens
os vagarosos anéis da idade.
Falemos do passado: porque só o futuro interessa.
Falemos da casa que ruiu. Falemos do musgo
adormecido nas encostas da umbria.
Falemos dos livros onde sublinhámos
as frases que sobre todas as coisas
nos haveriam, mais tarde, de perder.