Falavam desse tempo como se a vida
não tivesse acontecido antes nem depois:
da neve a descer dos cumes, da chuva a entrar devagar
nos bosques de bétulas, das navalhas
a cortar a casca vagarosa dos lódãos, das águas
das presas, das tábuas de esquadria
arrumadas nos pátios. Como dizer de outro modo
que a vida pode ser um rosto,
uma única lágrima, uma única voz
que nenhum parágrafo devolve?