quarta-feira, dezembro 28, 2005

Depois da chuva: memória descritiva, 2

Uma nuvem de cinza, espessa, começou a erguer-se
na direcção da serra. Até que o azul
das águas da Ria, deixando a península,
atravessando os campos ainda molhados,
se foi erguendo até à quase
absoluta transparência. Visto

contra o dédalo de ramos da figueira, nus,
o céu parece simultaneamente
próximo e distante, volátil
e apaziguador. A noi

tece.

E a noite espalha nas paredes de casa
a sua luz velada, efémera,
numa lenta transfiguração das coisas todas
da terra e do mar.