quinta-feira, dezembro 01, 2005

Delft, 1675

A luz havia de quebrar na cómoda do
quarto e só depois iluminar metade
da parede, o jarro com água, os panos verdes
do armário. Não gostaria que lembrasse

nada ao percorrer com vagar e definir
os objectos mais próximos. A cor, talvez
molhada nos primeiros planos, teria
depois um único nome e um modo único

de tocar a roupa de quem entrasse por uma porta
adivinhada ao fundo. Não daria expressão
alguma a esse rosto de mulher ainda jovem,
às suas mãos, ao movimento de sentar-se.

Um mapa e uma carta ficariam esquecidos na mesa
do lado da janela. E só o rumor da manhã quase
no fim daria ao quadro, entre tanto, um
pequeno relevo de água leve de coral.