Iluminávamos a noite
com os faróis acesos no asfalto.
O perigo protegia-nos do mundo.
Mesmo quando saímos da estrada
numa curva
a cento e vinte
a olhar as constelações que vinham desenhadas
nos livros do décimo primeiro ano
ou cortámos os pulsos
com a navalha de cabo de marfim
a discutir a largura das linhas brancas
no vidro da cómoda.
Depois temíamos
a manhã
como se as pessoas a caminho do emprego
pudessem reverter em ignomínia
a ordem
que sobre todas as coisas
nos ameaçava.