O fascínio das serras metálicas
a cortar a madeira
deixando no chão
montinhos
de serrim.
E o ruído constante dos motores.
E as pranchas arrumadas a sentirem-se, percorrendo-as
com a ponta dos dedos, os nós
como cicatrizes da idade.
E as esquadrias.
Chegávamos
à serração em calções e víamos à distância
a casa
que haveria
de pertencer-nos
erguida devagar:
a varanda, o soalho, o escano da lareira,
a trave mestra
da sala de estar.
E o Inverno nunca
seria mais que a memória desse rumor incessante
das serras
a cortar a madeira.