Compreendes que escrever um poema damor
no século vinte
e um
tem que se
lhe diga? Que não são possíveis
quaisquer
mínimas referências
ao corpo, que falar
da rumorosa pele
é quase um desaforo? Não sabes que
é necessário estilhaçar a métrica
(foda-se, um decassílabo…) e contar
quando muito
dos teus jeans
rasgados nos joelhos?
Eu sou um poeta moderno.
Vês agora, meu amor, a razão
de correres
dia após dia à
caixa de correio
em vão?