Um dia escreves como se a deriva dos continentes dependesse do modo como respiras pelo caule dos juncos nas margens da aluvião
como se as cabeceiras declivosas da península se desmoronassem só de mudares na parede as fotografias a sépia da infância
e escreves para não morrer de frio quando os assassinos e as propriedades se confundem nos quadros das exposições
como se adormecesses e a gramática de súbito instaurasse uma nova ordem
e o mundo fosse começar sem a água
sem o fogo onde numa manhã pretérita de novembro procuraste refúgio
em vez da tempestade.