sexta-feira, janeiro 12, 2007

A ruína

Guardava a casa, o lume intemporal,
como outros guardam uma língua
ou escondem da usura
alguns aspectos duma biografia.

Guardava a casa como se não houvesse
mundo além da escaleira
ou ao mundo não fosse dado entrar
atravessando a porta.

É difícil compreender agora
que a ruína possa começar assim
pelo lado de dentro, do interior dos objectos
que se chegou a supor imperecíveis.