Estás sentado de frente
para a montra de vidro
do café. Vês a rapariga de jeans
a atravessar a passadeira
e procuras adivinhar
uma vida por detrás
dum rosto: uma infância, um rio,
o amor, uma dança
a meio da noite. Ela pára
no passeio, suspeitas
que te olha nos olhos, imaginas
que se decide a entrar
e a sentar-se a teu lado.
Estás sentado de frente
para a montra de vidro
e deixas o romance
a meio do capítulo IX. Olhas
a rua: lá fora uma rapariga de jeans
atravessa a passadeira
e por um instante
não compreendes o que é
do mundo, o que é dos livros.