domingo, janeiro 28, 2007

A poesia em 2007

Se fosse no séc. XIX
diria dos teus lábios que são mel.
Mas hoje quase nada nos comove
e é ridículo falar da pele.

Assim escrevo os poemas e fraquejo
temendo uma imagem duvidosa.
Nem métrica nem rima: só a prosa
me é dada pra dizer que te desejo.

E temo sobre tudo a impressiva
metáfora, a hipérbole, o efeito,
a frase rebuscada e excessiva

do tipo «a água, o lume incandescente».
Escrever com emoção é um defeito
e amar-te, meu amor, é estar doente.

para sc