Se fosse no séc. XIX
diria dos teus lábios que são mel.
Mas hoje quase nada nos comove
e é ridículo falar da pele.
Assim escrevo os poemas e fraquejo
temendo uma imagem duvidosa.
Nem métrica nem rima: só a prosa
me é dada pra dizer que te desejo.
E temo sobre tudo a impressiva
metáfora, a hipérbole, o efeito,
a frase rebuscada e excessiva
do tipo «a água, o lume incandescente».
Escrever com emoção é um defeito
e amar-te, meu amor, é estar doente.
para sc