Lembro-me de quando
acertámos conquistar o mundo: haveríamos
de começar, porque não poderíamos
ser surpreendidos pelo avanço da neve
à medida que nós mesmos
fôssemos avançando as tropas,
de norte para sul; e
de poente para nascente,
de modo a que o sol não
nos ficasse de frente
nas batalhas decisivas
dos finais de tarde. Tínhamos
problemas logísticos, claro: carros
de combate com rolamentos
e eixo de varetas, espingardas
de madeira da serração;
e no chão
de caruma dos pinhais bravos
é que procurávamos, de entre as pinhas que
se recusavam a abrir por inteiro,
as granadas defensivas. Mas
o problema verdadeiro,
a derradeira desgraça, é
que as aulas iam começar
e nenhum de nós, voluntariosos
soldados da milícia
destinados a salvar
o mundo, teve autorização
dos pais para faltar
à escola por um semestre, pondo
em risco as orais do exame
da quarta classe.