quarta-feira, março 30, 2011

[segirei, 2]

o fumo da lareira já nem sai dos telhados
são onze da noite
não há um único movimento nas
ruas e nos quelhos

a neblina subiu do rio
parece suspensa de fios invisíveis um
pouco acima das
pedras irregulares
do largo

se alguém gritasse
se alguém corresse na encosta com um archote
se alguém viesse à janela a
estender a colcha da infância
talvez o tempo retomasse
vagarosamente
o seu novelo espesso
de labirinto