alguma coisa batia com força
nos tampos de madeira das carteiras
nas continhas do ábaco
no branco do giz sobre o quadro de ardósia
o tempo é essa matéria vil
que nos separa da memória do
cheiro dos livros das primeiras letras
do rumor do vento nos
vidros pequenos das janelas da escola
alguma coisa batia com força no mais fundo da infância
aí procuramos ainda hoje o poema
uma razão para não temermos a sombra ou a tempestade
o arame onde estender a roupa que
nos fica apertada nos braços.