sexta-feira, dezembro 12, 2008

10.

Sentia-me, de um modo inexplicável, um intruso: a olhar as árvores distantes, o ondulado dos montes reflectido no espelho invertido das águas do rio. O processo de licenciamento já tinha entrado na Câmara. E desci, talvez pela última vez, o carreiro que levava à Casa a Jusante da Ponte de Arame. Era uma tarde de Verão; ouvia o rumor do fio de água a correr nas poldras; e o resto era um silêncio que vinha do fundo do tempo e que parecia afastar-me de cada uma das pedras da casa e de cada uma das folhas da tília do pátio.