Capítulo XIII
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(Onde, em vez de continuar em prosa escorreita este folhetim que começava a ter algum interesse, se cede à tentação de transcrever, sem edição nem emendas, alguns textos de Aline)
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1.
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Uma casa
como se não existisse
como se nunca pudesse ter existido
como se a ninguém pertencesse ou pudesse pertencer-lhe
como se a memória não sobreviesse às primeiras chuvas ou à poeira das tardes muito quentes de julho e as suas paredes ruíssem de não haver um gesto que as defendesse
de não haver um rumor sobressaltado a entrar por dentro da idade
de não haver um cântaro com água
a mesa comum
a pedra da lareira
um retrato na sala de jantar nos dias de cerimónia
como se não houvesse o vento nos telhados e a chave e um pátio e uma varanda de onde se viam as encostas e as cumeadas e daí o mundo e as suas desconhecidas frases
como se não houvesse o amor e o desejo
como se não houvesse uma tília com as suas folhas em forma de coração
como se os alicerces e os púcaros e as rosas não pudessem misturar-se
como se a luz do verão não abrisse por dentro os frutos guardados nos tabuleiros de vime
como se não existisse
como se nunca pudesse ter existido
como se a ninguém pertencesse ou pudesse pertencer-lhe.