terça-feira, novembro 11, 2008

4.

Um caule ou a linhagem ou uma pedra ou as águas de lima ou uma sílaba ou a imagem esculpida a navalha na madeira dos lódãos
ou ainda o vento nos ramos dos negrilhos
a lâmpada e a raiz da urze acesa no inverno
coisas assim que depois de irremediavelmente as termos perdido é que parecem regressar como se nos pertencessem desde sempre
como se nenhuma defesa resistisse a essa vocação incombustível dos desastres
ou o desejo exigisse o vórtice e a incineração
e a melancolia impusesse aos meteoros uma condição antecedente
como se não respirássemos do outro lado das margens dos incêndios enquanto não viesse o abandono e nos muros intransponíveis começassem a inscrever-se os mapas dos territórios obscuros da infância e a nervura mais íntima das suas quatro folhas desiguais
enquanto nos desenhos a lápis não emergissem as ilhas desertas dos primeiros nomes ou os enigmas de uma língua cuja aprendizagem exige o prévio desprendimento
de tudo.