quinta-feira, setembro 18, 2008

13.

Luísa sabe como os dias e os anos correm devagar por entre os montes; subindo encostas a pique, descendo as vertentes da umbria, atravessando as poldras das enchentes, correndo em caminhos de lama ou na poeira muito fina do saibro dos meses de Julho. Como se tudo fosse tão antigo que parecesse recente; como se a cronologia não fizesse sentido; como se não houvesse tempo na passagem do tempo; como se cada aniversário ou evocação não devolvessem senão o eco do que um dia já foram na memória dos seus risos e das suas lágrimas. Até ao momento em que pressentimos ou compreendemos que tudo já foi. E a lentidão se desenha de novo nos relógios e nas ruas e nos largos e nos pátios e nos corredores das casas.