É uma fotografia antiga. A luz, como
quase sempre nas fotografias antigas,
parece irreal. O pinheiro do alepo
adivinha-se pela sombra tortuosa que estende
nos cubos da calçada, cortando
uma pequena parte do muro, poisando
nas folhas dum inverosímil vaso
de gerânios. Há uma mesa rectangular
de madeira junto ao portão da entrada
e quatro cadeiras de ferro. Num canteiro
lateral, delimitado por um rigoroso
lancil de cimento, crescem as margaças
quase a perder a flor. E por instantes é
como se nunca tivesse existido nada
para além do silêncio desse tempo e das sombras
inclinadas no pavimento do pátio.