A poesia deve ilumin/ ar. Não se trata de fazer incid/ ir uma nova luz sobre as coisas. Mas de iluminá-las por dentro. A partir de dentro. Como num quadro de Georges de la Tour, a luz só deve exist/ ir (a luz só existe) a part/ ir do momento em que, intermediada, um corpo, um objecto, uma ferramenta, a devolvem ao olh/ ar. Não se pede à poesia que nos ajude a olh/ ar, que nos ajude a compreender. Mas que, através dela, as coisas se nos revelem na sua mais imponderável clareza
como se só então o mundo estivesse preparado para verdadeira/ mente nas/ ser.