terça-feira, janeiro 03, 2006

Canção

Nós éramos um
quando a madrugada
chegava tão cedo
(tão cedo chegava…)
que só o silêncio
nos sobressaltava.

Nós éramos muito
não éramos nada.

E o odor do feno
quase inebriava
se as nuvens desciam
quando respiravas
em nome das vésperas
de todas as águas.

Nós éramos tanto
não éramos nada.

E pétala a pétala
nos ramos das bétulas
um nó de mercúrio
abria e fechava
e às vezes no escuro
nos iluminava.

Nós éramos tudo
não éramos nada.