terça-feira, julho 17, 2012

[Apenas mato e árvores]

Ergue-se entre caruma e a ondulação dos montes
que a distância vai deixando mais azuis
uma espécie de voragem
que parece impedir
a respiração. Apenas mato e árvores
e descendo para o vale os muros de pedra arrumada
a esconder pequenas hortas e os arames
das vinhas como fios lentíssimos
de água que o Verão se prepara
para transformar em nuvem
de horas. Pressente-se
na resina a labareda do ar.
O tempo parado à espera que alguém
corra nos caminhos de saibro
ou de muito longe se oiça de novo
o rumor descontínuo dos motores
das máquinas de feno
a queimar o gasóleo.