Deixavam as bicicletas na praia
caminhavam nas dunas a sentir a passagem do tempo
nas nuvens de cinza
no modo
como as areias são arrastadas pelo vento
desenhando um ondulado
roubado
às vagas sucessivas
do levante.
Deixavam as bicicletas
como se pudessem não as encontrar de novo
como se fosse possível ficar para sempre
no labirinto dos meses depois do Verão
até perder-se a chave de casa
e a memória do que
nem chegámos a ser.