Não é verdade que os amigos não morrem.
Os amigos morrem quando a morte
os leva com a sua faca de cortar o gelo no diamante
dos lagos da península. Os amigos morrem
e não é verdade que regressam
na memória de os lembrarmos
ou nas fotografias e nos papéis amarelecidos
dos seus nomes. [Não
sei: ao dizer que os amigos não morrem
enquanto nos lembrarmos deles
talvez procuremos mais que um refúgio
para nós mesmos: às vezes
é necessária a certeza de que tudo está certo
mesmo que seja preciso
mentir para dizer a verdade.] Não
sei: os amigos não morrem quando a morte
os leva com a sua faca de cortar o gelo no diamante
dos lagos da península.