Riscar aos poucos, uma
a uma, as imagens, as palavras.
Reduzi-las a um breve núcleo
substantivo. E depois apagar
de novo, uma e outra, uma
e outra. Até à ilusão
da nascente, à nuvem
das águas subterrâneas.
Por uma poesia
que não dissesse. Que não enunciasse.
Que apenas deixasse
nas folhas das árvores
o que se esconde por dentro
do obscuro rumor
indecifrável das palavras.
A arquitectura e a árvore:
um sistema filosófico
dividido entre a perfeição
da matemática e
a claridade iniludível
da experiência. Entre
a razão e a verdade.
Apagar as palavras, uma
a uma, até à ilusão
da primitiva vertigem
criadora. As raízes
da árvore erguendo-se
em vez do silêncio
e em vez do poema.