Era no tempo em que as amoras deixavam à entrada do Verão
um rastilho de sombra crescendo nas margens
de nenhum rio. Como se os venenos ardessem muito
devagar enquanto a água evaporada das presas
transformava o oxigénio numa poderosa nuvem
de silêncio. Como se procurássemos nos mapas
em vez do azul transparente do fim de tarde
só as ravinas. Como se chegássemos a casa
e afinal os caminhos tivessem mudado durante a noite
os seus rumos. E isso apenas se pressentisse
no aroma que as amoras deixavam à entrada do Verão.
E mesmo assim corrêssemos nos lancis das mais altas torres
e levássemos à boca as amoras da traição.