quinta-feira, maio 22, 2014

[Tílias]

[para o Pedro]



Não saberemos nunca de que lado
o seu olhar partiu em direcção ao rio
à curva do muro à sombra
também dos lódãos em setembro a caminho do azul

e outras águas. Raras vezes a manhã
terá morado assim as suas vozes no crepúsculo
devagar abrindo junto à casa
aos poucos degraus por onde cresce

o morangueiro o alecrim o pequeno sol da infância
a crueldade ainda do inverno
repetindo modos de perder as coisas.
Hoje as abelhas talvez apenas demorem mais

tempo na corola de fogo do seu nome
no telhado novo na laja da mesa
onde o esquecimento adormece com as mãos
dobradas em quatro sobre o pano da memória.