outra vez a terra
o imperscrutável som do puro veio da água
isso que parece afluir aos dedos como cinza ou obscura semente
isso que mistura o antes e o depois da música
uma criança corria nos muros estreitos das propriedades
delimitava o mundo em linhas a direito nos campos lavrados
ficava a olhar a luz misturada aos ramos das árvores
ao vermelho e ao castanho da terra
a luz a poisar exausta nas açoteias das casas
a subir os degraus como se finalmente os
dias e as noites pudessem equivaler-se
no sul a
arquitectura é a
luz desatada a meio da tarde nos troncos das amendoeiras jovens
a sombra que reflecte o espelho das
imagens verdadeiras numa parede de cal
a água das cisternas
o azul que ficava do lado do mar quando a
criança desenhava uma linha no chão
e descia dos muros das propriedades
para que
pudesse
começar
a anoitecer