perder a memória
como quem perde o barco que une as duas margens
dos rios
como quem procura no estrangeiro
a chave de casa
ou adormece na pedra
da lareira
com o rosto encostado
ao efémero tempo dos incêndios
chove de novo
desenhas nas partes em branco dos
mapas dos naufrágios
um território
que não existe