terça-feira, maio 17, 2011

[não era ainda a época dos naufrágios]

Não era ainda a época dos naufrágios
uma hélice triturava a
usura dos ofícios
os espíritos mais puros do meu tempo enriqueceram a
vender caixas de fósforos
um candidato mostrava que
não tinha nada na manga
fabricava permanganato
oferecia petróleo para a luz trémula dos candeeiros
das casas
nos intervalos
da campanha

Uma árvore
ou um rio

tão distante de nós ia ficando o que mais amávamos
lembro-me de conduzirmos os barcos
nos canais de rega
como se fossem as naus
dos descobrimentos

sabíamos o nome
delas todas
acreditávamos
ainda
no azul tingido da nuvem
do futuro