era no tempo em que
o espectáculo e os bens comuns
se misturavam numa rede feita do novelo dos interesses
era no tempo em que
a propaganda e a encenação
traziam os estrados e os palcos decorados para
as praças
e os largos
era no tempo da cenografia
uma ave saía das mãos abertas do
mestre de cerimónias
num exercício de prestidigitação antigo
a música incitava à ênfase
as pessoas olhavam
deslumbradas
e olhavam de novo
e de cada vez que olhavam era
como se o verniz dos púlpitos
fosse estalando
até se ver o tabopan e a fórmica
de que
na realidade
eram feitos