Elas sabiam que aos filhos
os haveria de levar nas águas de novembro
a deriva. Não diziam
a Palavra com medo
dos desastres.
Elas bordavam ao domingo
as toalhas das mesas.
Elas mantinham o lume aceso
durante a tempestade até
chegarem os seus homens. E erguiam
pequenos muros
frágeis de tijolos
refractários.
Elas mudavam de lugar
os objectos e penduravam
papéis coloridos nos arames de roupa
do pátio
onde escreviam um nome.
Elas ficavam assim
a olhar os astros.
Depois os filhos saíam de casa e elas
desciam ao pátio a procurar
na trémula caligrafia
os limites da passagem do Tempo
e cada uma das suas
irrevogáveis
sílabas.