Gostava de escrever letras de fado.
Falar dum coração que não existe
se a dor o não tocar ou não for triste,
se o mundo não ruir, desmoronado
de tanta vil angústia e desalento.
Gostava desses temas nos meus versos:
de ter todos os dias mil pretextos
pra invocar um crime ou um lamento,
a insídia, um aneurisma, um anexim
antigo, um nó fatal na coronária,
traições, o luto, as penas do inferno.
Gostava tanto de escrever assim.
Detesto a minha obra literária.
Detesto ser poeta e ser moderno.