Os navios de pérolas navegam no nácar
das águas reconvertidas em íntimo silêncio:
virados do avesso, virados para dentro
como se apenas os guiassem a geometria e a álgebra
Os navios de pérolas não erguem as velas:
navegam no nácar cortando em camadas
a obscura matéria das mais antigas águas
que revertem das mínimas fracções do éter
Não há marinheiros nos navios de pérolas:
só tu vais ao leme, só tu os conduzes:
e a noite é uma sombra transformada em lume
do amor que nem une as coisas mais efémeras