domingo, maio 07, 2006

[O corpo na poesia do séc. XX]

jcb



Do corpo se falou tão excessi
vamente (em verso, em prosa, em recitais)
ao longo de cem anos (talvez mais)
que já nem sei o que dizer de ti

ao ver-te num sorriso deslumbrada
em movimentos breves, curvas lentas,
e só o corpo me lembrar (mais nada):
as coxas ou as mamas opulentas,

as mãos tão ágeis, claras, transparentes,
o sexo intempestivo, a pele, os ombros,
o brilho demorado dos teus dentes.

Por isso, meu amor, esta alegria
de ver-te como luz por entre escombros
não sei como dizê-la em poesia.