segunda-feira, abril 10, 2006

Labirintos

Procuro em vão, há vários anos, um livro dum determinado autor. Esqueci o título do livro, esqueci o nome da casa editora. Mas sei (ou julgava saber) que foi editado no Porto nos anos setenta. Recentemente, depois de consultar vagarosamente a sua base de dados, um livreiro experimentado insiste que o mais certo é o autor em causa nunca ter sido editado em língua portuguesa; que o livro não exista. Certo. Mas então como explicar que eu tenha visitado Navoloki, Oréanda, Teodosia ou Sinéziorki? Que permaneçam vivas na memória as folhas de salgueiro apodrecidas num charco de água, os plátanos de um parque em Livadia, os troncos brancos das bétulas nas margens do Vistola? Que me tenha apaixonado pela mulher que ficou à janela a ver um barco que se afastava vagarosamente na distância, madrugada ainda, quando de súbito começou a chover?