terça-feira, março 28, 2006

Só então o milagre, 1

Os dias claros, leves ainda
de regressarem as aves
dos relevos da península
deixando o azul das águas da ria

pendurado nos ramos
das figueiras, agarrado
à cal dos muros dos tanques,
poisado na tijoleira

das açoteias, nos
fios de esparto, nas mãos
demoradas das crianças

a ver chegar a noite
por detrás dos espelhos:
só então o milagre.