terça-feira, novembro 01, 2005

Um país

Há um país onde as crianças acendem
nas manhãs de Junho
os seus archotes de vidro
incandescente

e armam ciladas nos poços
onde sucumbem as
remanescentes mágoas

do Inverno.

E depois
as mulheres demoram a tarde
a encher as alcofas de empreita
com as amêndoas
e o lume

do ano.

E as aves regressam de longe.

E a memória de tudo é só um rumor
quase familiar
de sombras antigas adormecidas
nos pátios.