«Breves as águas da memória nos levam aos antigos valados, aos muros, às sebes, aos primeiros nomes das primeiras frases.»
Não é verdade: as águas da memória correm a par com os destroços das primeiras chuvas de Novembro. As canas que se desprendem dos taludes, a ignomínia, os torrões de mercúrio, a sombra fixada na pedra dos depósitos de vertente, as raízes das margens sujeitas aos processos erosivos – tudo isso corre, ou há-de correr um dia, no antigo leito das águas vagarosas da memória. Acontece que às vezes só muito tarde o sabemos. Demasiado tarde.