Há pessoas que metem gasolina nas garrafas
de água. Há pessoas que metem chá verde
nas garrafas de água de litro e meio.
As pessoas metem quase tudo nas garrafas de plástico
se não for água de nascente. Metem água rás. Metem aguardente.
Eu sei de uma pessoa que gostava de mostrar ufana
que pela sua garrafa de água do luso
nos piqueniques servia aniz escarchado
caseiro aos amigos.
terça-feira, outubro 30, 2007
segunda-feira, outubro 29, 2007
Letra (com refrão e tudo)
Caídas em desuso
há tantas expressões
o linho, a roca, o fuso
as privatizações
o comité central
a anop, o proletário
a intersindical
o amor no calendário
as cartas do correio
os fios do telefone
travões de servo ao freio
telex, gramofone
Há tantas situações
que passaram de moda
as contas com cifrões
os bailinhos de roda
o comunismo, a AD
a cerveja marina
a laranjina C
a pública latrina
os emplastros leão
o trato por você
o sporting campeão
na ardósia o abc
As letras com refrão
o verão quando é o verão
As letras com refrão
o verão quando é o verão
há tantas expressões
o linho, a roca, o fuso
as privatizações
o comité central
a anop, o proletário
a intersindical
o amor no calendário
as cartas do correio
os fios do telefone
travões de servo ao freio
telex, gramofone
Há tantas situações
que passaram de moda
as contas com cifrões
os bailinhos de roda
o comunismo, a AD
a cerveja marina
a laranjina C
a pública latrina
os emplastros leão
o trato por você
o sporting campeão
na ardósia o abc
As letras com refrão
o verão quando é o verão
As letras com refrão
o verão quando é o verão
quinta-feira, outubro 25, 2007
Algumas regras
Não perder o pé. Nestes primeiros anos que já não
vão sendo tão poucos como isso
do século vinte e um a lírica
ainda compensa. Não vem nenhum
propriamente mal ao mundo literário quer dizer
aos seis críticos literários de serviço
e quase me atrevia a acrescentar o manuel senão é
ver se por exemplo o rui não entrou na antologia
em deixar a gente escapar-se-lhe
a descrição da serração antiga ou a emoção de topar-se
de súbito num imprevisto fim de tarde com
as encostas frias onde a bétula teima em erguer-se.
Mas com parcimónia bom será de ver. Porque
um elevado grau de abstracção
decorrendo directamente de questões filosóficas
ou a concisão ou a perturbação
descritiva que rejeita nexos lógicos
ou sobretudo uma poesia assumidamente urbana
ou uma poesia com permanentes
referências cultas que pode mesmo
abusar da sinestesia num delírio surrealizante
já sem relações algumas com o objecto de partida
é outra loiça. Depois há o óbvio: não enxamear a coisa
de adjectivos ou mesmo reduzi-los ao osso
não falar do corpo ou falar que a
metáfora não faz mal a ninguém mas então não
escrever a palavra corpo
e sobretudo não escrever a palavra pele
e as questões sociais por amor de deus.
As qualidades claro não é devagar que se perdem
mas o poeta ou tem um ofício
ou então que vá mas é com mais previsível
proveito trabalhar nas obras.
vão sendo tão poucos como isso
do século vinte e um a lírica
ainda compensa. Não vem nenhum
propriamente mal ao mundo literário quer dizer
aos seis críticos literários de serviço
e quase me atrevia a acrescentar o manuel senão é
ver se por exemplo o rui não entrou na antologia
em deixar a gente escapar-se-lhe
a descrição da serração antiga ou a emoção de topar-se
de súbito num imprevisto fim de tarde com
as encostas frias onde a bétula teima em erguer-se.
Mas com parcimónia bom será de ver. Porque
um elevado grau de abstracção
decorrendo directamente de questões filosóficas
ou a concisão ou a perturbação
descritiva que rejeita nexos lógicos
ou sobretudo uma poesia assumidamente urbana
ou uma poesia com permanentes
referências cultas que pode mesmo
abusar da sinestesia num delírio surrealizante
já sem relações algumas com o objecto de partida
é outra loiça. Depois há o óbvio: não enxamear a coisa
de adjectivos ou mesmo reduzi-los ao osso
não falar do corpo ou falar que a
metáfora não faz mal a ninguém mas então não
escrever a palavra corpo
e sobretudo não escrever a palavra pele
e as questões sociais por amor de deus.
As qualidades claro não é devagar que se perdem
mas o poeta ou tem um ofício
ou então que vá mas é com mais previsível
proveito trabalhar nas obras.
terça-feira, outubro 23, 2007
Os destroços das anémonas mortas
para o Hugo Cavaco
Sei hoje, Thereza, quão pouco e precário é o poder de quem governa os impérios e os reinos ou os lugares da terra. Sei hoje que só ilusoriamente nos pertencem as mercês que não vêm do povo a que pertencermos. Sei hoje que o nosso pecado maior, e o nosso erro maior, é procurarmos em Deus a pequena parte de Deus que nos serve para justificar o exercício do domínio e do arbítrio.
Deixa-me ficar contigo mais uma noite, Thereza. Deixa-me tocar de novo os teus ombros nus, os teus joelhos breves, as tuas mãos trémulas, o teu corpo igual a esta noite de Junho quando a manhã começa a anunciar-se em terras de Castela e depois avança, vagarosamente, erguendo-se na linha do horizonte numa luz tão leve que fica sobre as águas da baía dos mares de Monte Gordo como se o mundo só então estivesse a nascer e só então as coisas começassem a ter um nome.
Eu conheci a glória, Thereza. Fui capitão de Alcácer Seguer e Sainal, de Azamor e Mazagão. Mas conheci também a cicatriz da conquista, as lágrimas e o ultraje, o logro de submeter pela espada, o sonho e o seu reverso nos campos de batalha em que ninguém venceu, em que ninguém poderia ter vencido. Nós avançávamos protegidos pela bandeira de um Deus que julgávamos ser nosso dever impor aos infiéis. Era essa a ilusão dos que, como eu, estiveram nas margens do Umme Arrebia ou na foz do rio Sebou, ou que, muitos anos antes, acompanharam D. Afonso em Alcácer Seguer com as mãos manchadas de sangue e se dirigiram assim à mesquita convertida de súbito em igreja cristã sob a invocação de Santa Maria da Misericórdia.
Deixa-me ficar contigo para sempre, Thereza. Deixa-me ficar a ver-te adormecer nestas noites em que apenas as estrelas desenham o mundo, em que o mar parece de súbito apaziguado pela nossa presença e da memória do levante ficam apenas os destroços das anémonas mortas no areal. Deixa-me ver-te respirar enquanto dormes, enquanto o quarto crescente começa a iluminar os medos de areia que vão de Cacela a Santo António de Arenilha. Deixa-me ficar contigo, aqui, em Monte Gordo. Deixa-me ficar contigo e com a tua gente rude que desespera o poder instituído, neste lugar de gente livre cuja honra foi transformada em insídia pelas posturas da lei.
Em Mamora, em nome de Deus, perdemos cem navios num único dia. Muitas vezes penso como terá reagido D. Manuel ao saber que quatro mil dos seus homens haviam sucumbido na foz do rio Sebou. Que Deus era este que levávamos desenhado nos estandartes, que desígnio era este de nos expandirmos em nome da fé? Terá a indecisão, a dúvida, a descrença, tocado por um instante o coração magnânimo de sua majestade? Do outro lado, do outro lado de Deus, outros homens lutavam em nome de Deus. Davam-lhe um nome diferente, claro, e lutavam em seu nome. A verdade é que os sonhos de conquista de D. Manuel iam provocando nos mouros uma reacção violenta que passou a ancorar-se mais num crescente fundamentalismo religioso, numa guerra santa, do que na simples necessidade de defesa dos territórios. De que lado estava a intolerância? Não sei. Sei que regressei ao reino, investido como senhor de Santo António de Arenilha por mercê de D. João III, e que só agora compreendo, junto do meu povo, quão pouco e precário é o poder de quem governa os impérios e os reinos ou os lugares da terra se as mercês não vêm desse mesmo povo a que pertencemos.
Aqui, em Monte Gordo, sinto-me finalmente livre. Aqui, Thereza, sinto-me livre pela primeira vez. Entre gente rude, é certo. Gente de faca e sovelão, de estoque e adaga, de alevantamentos e distúrbios. Gente que desrespeita os decretos e as normas do reino. Gente que procura apenas o seu próprio destino num mundo em que Deus e as leis não deveriam ter uma única face.
Também por isso abdico da glória e das mercês. Também por isso quero apenas ficar aqui contigo, Thereza, nos areais e nas cabanas precárias dos areais de Monte Gordo. Fora do mundo. Olhando assim a noite, como hoje, como nesta noite em que só as estrelas desenham o universo e as águas do mar parecem ter ficado paradas para que o silêncio seja a única testemunha do preciso momento em que toco as tuas mãos, os teus ombros nus, o teu corpo adormecido no meu corpo.
Deixa-me ficar contigo mais uma noite, Thereza. Deixa-me tocar de novo os teus ombros nus, os teus joelhos breves, as tuas mãos trémulas, o teu corpo igual a esta noite de Junho quando a manhã começa a anunciar-se em terras de Castela e depois avança, vagarosamente, erguendo-se na linha do horizonte numa luz tão leve que fica sobre as águas da baía dos mares de Monte Gordo como se o mundo só então estivesse a nascer e só então as coisas começassem a ter um nome.
Eu conheci a glória, Thereza. Fui capitão de Alcácer Seguer e Sainal, de Azamor e Mazagão. Mas conheci também a cicatriz da conquista, as lágrimas e o ultraje, o logro de submeter pela espada, o sonho e o seu reverso nos campos de batalha em que ninguém venceu, em que ninguém poderia ter vencido. Nós avançávamos protegidos pela bandeira de um Deus que julgávamos ser nosso dever impor aos infiéis. Era essa a ilusão dos que, como eu, estiveram nas margens do Umme Arrebia ou na foz do rio Sebou, ou que, muitos anos antes, acompanharam D. Afonso em Alcácer Seguer com as mãos manchadas de sangue e se dirigiram assim à mesquita convertida de súbito em igreja cristã sob a invocação de Santa Maria da Misericórdia.
Deixa-me ficar contigo para sempre, Thereza. Deixa-me ficar a ver-te adormecer nestas noites em que apenas as estrelas desenham o mundo, em que o mar parece de súbito apaziguado pela nossa presença e da memória do levante ficam apenas os destroços das anémonas mortas no areal. Deixa-me ver-te respirar enquanto dormes, enquanto o quarto crescente começa a iluminar os medos de areia que vão de Cacela a Santo António de Arenilha. Deixa-me ficar contigo, aqui, em Monte Gordo. Deixa-me ficar contigo e com a tua gente rude que desespera o poder instituído, neste lugar de gente livre cuja honra foi transformada em insídia pelas posturas da lei.
Em Mamora, em nome de Deus, perdemos cem navios num único dia. Muitas vezes penso como terá reagido D. Manuel ao saber que quatro mil dos seus homens haviam sucumbido na foz do rio Sebou. Que Deus era este que levávamos desenhado nos estandartes, que desígnio era este de nos expandirmos em nome da fé? Terá a indecisão, a dúvida, a descrença, tocado por um instante o coração magnânimo de sua majestade? Do outro lado, do outro lado de Deus, outros homens lutavam em nome de Deus. Davam-lhe um nome diferente, claro, e lutavam em seu nome. A verdade é que os sonhos de conquista de D. Manuel iam provocando nos mouros uma reacção violenta que passou a ancorar-se mais num crescente fundamentalismo religioso, numa guerra santa, do que na simples necessidade de defesa dos territórios. De que lado estava a intolerância? Não sei. Sei que regressei ao reino, investido como senhor de Santo António de Arenilha por mercê de D. João III, e que só agora compreendo, junto do meu povo, quão pouco e precário é o poder de quem governa os impérios e os reinos ou os lugares da terra se as mercês não vêm desse mesmo povo a que pertencemos.
Aqui, em Monte Gordo, sinto-me finalmente livre. Aqui, Thereza, sinto-me livre pela primeira vez. Entre gente rude, é certo. Gente de faca e sovelão, de estoque e adaga, de alevantamentos e distúrbios. Gente que desrespeita os decretos e as normas do reino. Gente que procura apenas o seu próprio destino num mundo em que Deus e as leis não deveriam ter uma única face.
Também por isso abdico da glória e das mercês. Também por isso quero apenas ficar aqui contigo, Thereza, nos areais e nas cabanas precárias dos areais de Monte Gordo. Fora do mundo. Olhando assim a noite, como hoje, como nesta noite em que só as estrelas desenham o universo e as águas do mar parecem ter ficado paradas para que o silêncio seja a única testemunha do preciso momento em que toco as tuas mãos, os teus ombros nus, o teu corpo adormecido no meu corpo.
in Jornal do Baixo Guadiana, Outubro de 2007
segunda-feira, outubro 22, 2007
[PUB. Impossível perder]
No DOCLISBOA, hoje, o já tão premiado filme de Sofia Trincão e Óscar Clemente: «Praia de Monte Gordo». Impossível perder. A comovente – mas sobretudo intensa – história dos pescadores que viram desaparecer os seus barcos e, em mais que um sentido, partes das suas vidas.
Hoje, na CULTURGEST,às 16.30 h, no Grande Auditório; no dia 24, às 14 h, na sala 2 do Cinema Londres.
Hoje, na CULTURGEST,às 16.30 h, no Grande Auditório; no dia 24, às 14 h, na sala 2 do Cinema Londres.
domingo, outubro 21, 2007
sábado, outubro 20, 2007
sexta-feira, outubro 19, 2007
No monopólio
No monopólio eu procurava incessantemente
mais que a rua de santa catarina ou o rossio
adquirir as quatro companhias
das águas. Perdia sempre. Outros
tempos. Hoje
estaria rico.
mais que a rua de santa catarina ou o rossio
adquirir as quatro companhias
das águas. Perdia sempre. Outros
tempos. Hoje
estaria rico.
quinta-feira, outubro 18, 2007
Ainda os cinco elementos
Um rosto que vem de longe: das ilhas
dos romances, dos continentes onde nascia o vento
antes da luz
transformada
em terra azul incandescente.
Um e outro nome,
um e outro devorados pela vertigem
do crepúsculo: o mar ou a manhã,
a tarde ou a água iluminada
nas sombras pretéritas
desse rosto: nenhum lugar,
nenhuma gramática
ensinada nos livros.
E só depois o corpo. E só depois
o lume.
dos romances, dos continentes onde nascia o vento
antes da luz
transformada
em terra azul incandescente.
Um e outro nome,
um e outro devorados pela vertigem
do crepúsculo: o mar ou a manhã,
a tarde ou a água iluminada
nas sombras pretéritas
desse rosto: nenhum lugar,
nenhuma gramática
ensinada nos livros.
E só depois o corpo. E só depois
o lume.
quarta-feira, outubro 17, 2007
Os cinco elementos
a água retira ao fogo incandescente o ar. a terra retira ao ar o fogo da água. amo-te. o fogo retira ao ar que se respira a água. o ar. a terra. o fogo. a água. amo-te. ao fogo incandescente. a água retira ao fogo incandescente o ar.
segunda-feira, outubro 15, 2007
sábado, outubro 13, 2007
segunda-feira, outubro 08, 2007
sábado, outubro 06, 2007
O Sábado
Os cordeiros ficavam suspensos
de paus espetados nos intervalos das pedras
da parede para que melhor
depois de soprados à cana
se lhes tirasse a pele e as enxúndias viessem
inteiras na precisão do corte. As primeiras moscas
do ano seguiam os movimentos da navalha
e poisavam nos panos ou rondavam
os alguidares das vísceras. À distância
ouviam-se os gritos metálicos e trémulos
e lancinantes dos bichos. Mas
havia que estar presente e
ter seis anos e ver o sangue
a escorrer em fio na pedra de granito inclinada
do pátio de tão abundante e
inverosímil. O meu tio
sorria então a olhar-me e a limpar num
pano de cozinha as mãos
cumprida com mestria a função de esfolar
e amanhar os cordeiros da páscoa.
E nas assadeiras e nas mesas festivas
não haveria já no dia seguinte
memória nenhuma do sangue
escorrendo na pedra do pátio.
de paus espetados nos intervalos das pedras
da parede para que melhor
depois de soprados à cana
se lhes tirasse a pele e as enxúndias viessem
inteiras na precisão do corte. As primeiras moscas
do ano seguiam os movimentos da navalha
e poisavam nos panos ou rondavam
os alguidares das vísceras. À distância
ouviam-se os gritos metálicos e trémulos
e lancinantes dos bichos. Mas
havia que estar presente e
ter seis anos e ver o sangue
a escorrer em fio na pedra de granito inclinada
do pátio de tão abundante e
inverosímil. O meu tio
sorria então a olhar-me e a limpar num
pano de cozinha as mãos
cumprida com mestria a função de esfolar
e amanhar os cordeiros da páscoa.
E nas assadeiras e nas mesas festivas
não haveria já no dia seguinte
memória nenhuma do sangue
escorrendo na pedra do pátio.
sexta-feira, outubro 05, 2007
Nenhuma máscara
Não sabemos ainda como
perdemos as asas: se
nos lancis dos terraços
em voo sobre os pomares de amendoeiras, se
nas sobrevoadas cumeadas
dos bosques de bétulas em novembro, se
nos olhos de água, se
na puta da vida emitindo recibos
e avenças. Sabemos apenas
que nos olhamos hoje
e nenhuma máscara
nos cabe
no rosto.
perdemos as asas: se
nos lancis dos terraços
em voo sobre os pomares de amendoeiras, se
nas sobrevoadas cumeadas
dos bosques de bétulas em novembro, se
nos olhos de água, se
na puta da vida emitindo recibos
e avenças. Sabemos apenas
que nos olhamos hoje
e nenhuma máscara
nos cabe
no rosto.
A questão energética
(dedicado ao anónimo da caixa de comentários)
Há uma lâmpada que ficou acesa
para sempre. O último a sair
tinha um sentido de responsabilidade
filho da puta.
Há uma lâmpada que ficou acesa
para sempre. O último a sair
tinha um sentido de responsabilidade
filho da puta.
quarta-feira, outubro 03, 2007
Nas ruínas, 2
As caixas de comentários têm momentos deliciosos. Como este, por exemplo, a propósito do poema anterior (Nas ruínas):
«Presumo que o último a sair esqueceu-se de a apagar.»
«Presumo que o último a sair esqueceu-se de a apagar.»
segunda-feira, outubro 01, 2007
No fundo do mar
dizes uma única palavra
e os sismógrafos desesperam
entre richter e mercalli
como se as tempestades ou a chuva pudessem nascer
em vez dos sismos
no fundo do mar
e os sismógrafos desesperam
entre richter e mercalli
como se as tempestades ou a chuva pudessem nascer
em vez dos sismos
no fundo do mar
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