quarta-feira, março 28, 2007

Ontem

Sigo as pistas do poema
nas páginas em branco
onde poisas
vagarosamente
as tuas mãos trémulas.

segunda-feira, março 26, 2007

Sigamos a Lesma

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Do Mundo

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Nuvem, coração

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domingo, março 25, 2007

Territórios

Territórios onde o abandono
vai erguendo muros. Silêncio e meia
dúzia de lâmpadas a iluminar
o largo. É tarde da noite.
Caminhas pela estrada nacional
e olhas de cima os telhados
das casas, as sombras poisadas
nos muros do cadastro,
o pequeno brilho da água
dos tanques do quarto
minguante. Todos dormem
e nenhum gesto parece
poder sobressaltar o mundo, acordar
as crianças ou nos pátios
os rumorosos galos sucessivos.

sábado, março 24, 2007

[só de me tocares]

os teus olhos demoram no inverno
as primeiras sombras -
os teus olhos adormecem nos guindastes das obras
a súbita exasperação dos meses -

nem assim um rio primitivo
divide com as aves
a luz precária de novembro -
nem assim uma nuvem
mistura nas lágrimas
as imagens verdadeiras do amor -

e regresso às ravinas declivosas dos teus ombros
como se pudesse morrer
só de me tocares -

quarta-feira, março 21, 2007

As escolhas

Entre a aluvião e o deserto entre
o tumulto e a cal entre
as lágrimas e o êxtase escolhes
apenas um nome.

segunda-feira, março 12, 2007

[Sobre o destino]

Nenhuma estrela nos guia
no mundo, nenhuma palavra
dos livros, nenhum fio
por entre o labirinto
das horas. Somos o caminho
que fazemos:
erros sucessivos,
perdas, muros erguidos
contra o rumo
dos astros, o orgulho,
as primeiras lágrimas,
a ilusão do amor.

domingo, março 11, 2007

O mundo todo

Imagina que não existe
mais nada: que o mundo todo se contém
nesse perímetro breve
entre o muro de pedra
e as palavras
que o delimitam.
Imagina que o vento
adormece nos ramos minúsculos
dos freixos do pátio
e só a tempestade
sobe os degraus da escaleira.
Imagina a casa
como se não houvesse divisórias
entre
nuvens
e labirintos.


para o zé mário, com perdão do plágio

Um Homem

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[Dos venenos]

Vínhamos de longe, desconhecíamos
o irascível rumor
das dedaleiras.

Esse mais rapidamente

Hoje parece estranho que não tivéssemos
planos de contingência: apenas
a música, a velocidade e o asfalto
nos guiavam.
Lembro o teu sorriso:
esse mais rapidamente
se perdeu
na distância
que os automóveis
a cortar a noite
em fatias descontínuas.

Um Inverno assim

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A cor da terra


Caixa-ninho



A caldeirinha (chapim real) começou a preparar a casa

Ninho construído por um Pica-Pau

Um Inverno assim, 2

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Damasqueiro



Um Inverno assim, 3

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Ameixeira




Nespereira

Os primeiros figos do ano

Um Inverno assim, 4

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Medronheiro



Pessegueiro


sábado, março 10, 2007

Uma noite

Uma noite que não esqueces:
quando não vieste à rua com as tuas
armas e à porta ficaram
não apenas os cães
mas também as suas sombras
desenhadas contra a parede de casa
pelos candeeiros minúsculos
do largo. Ainda hoje adormeces
sabendo que os latidos dos cães
e as suas sombras não se desligarão
dos teus sonhos. Mesmo na vigília
eles permanecem: os seus latidos
e as suas sombras.

terça-feira, março 06, 2007

A pedir lume

Também eu andei assim
a pedir lume
como se o não tivesse. Como se os cigarros
não fossem mais que um pretexto
para esconder da dissolução
o medo. Também eu andei assim
na rua
procurando um rosto que me desabrigasse
e erguesse ao lodo sublime
da água. Procura-me tu
agora
nos bolsos
oh tão vagarosa estrangeira
mais que as chaves de casa.


[Editado aqui]

domingo, março 04, 2007

Eclipse

A lua apagou-se. Já te disse tantas vezes para não te meteres em bicos de pés.

O Vento

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Proibido Fumar

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quinta-feira, março 01, 2007

Toda a verdade sobre o Amor

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J. C. Barros. «Toda a verdade sobre o Amor». Acrílico sobre tela, 70x70 cm. [Versão final.]