Os do Eiró
uma vez puxaram de navalhas
no recreio da escola
a meio de uma discussão
sobre a caderneta
dos cromos. E de repente
éramos todos grandes. Já ninguém
queria saber dos triângulos escalenos
ou dos complementos
directos. Tínhamos crescido tanto
nesses quinze minutos de recreio
que mal
começávamos
a caber em nós. Bem
podia a professora
falar-nos das províncias ultramarinas
ou apontar-nos no mapa
dos caminhos-de-ferro
a linha
do Corgo. Só pensávamos
no recreio
e em termos um dia
uma navalha de ponta-e-mola
com a lâmina
do comprimento
de uma mão de travessa
como as dos rapazes
do Eiró.