quinta-feira, outubro 02, 2014

os do Eiró nos anos setenta

Os do Eiró
uma vez puxaram de navalhas
no recreio da escola
a meio de uma discussão

sobre a caderneta
dos cromos. E de repente
éramos todos grandes. Já ninguém
queria saber dos triângulos escalenos

ou dos complementos
directos. Tínhamos crescido tanto
nesses quinze minutos de recreio

que mal
começávamos
a caber em nós. Bem

podia a professora
falar-nos das províncias ultramarinas
ou apontar-nos no mapa
dos caminhos-de-ferro

a linha
do Corgo. Só pensávamos
no recreio
e em termos um dia

uma navalha de ponta-e-mola
com a lâmina
do comprimento

de uma mão de travessa
como as dos rapazes
do Eiró.