sexta-feira, junho 18, 2010

[algumas cidades muito bem explicadas ao luís por mor dos títulos dos poemas]

TODAS AS CIDADES

As cidades não têm nada por si mesmo
as cidades são sobretudo
o que lá deixamos.


PARIS E AS IMEDIAÇÕES DA ÓPERA

Que mal empregadas
esplanadas
quando não estás.


LEMVIG E A ÁGUA

Como explicar
que este poderia ter sido
para sempre o meu lugar.


ROMA E AS RUÍNAS DO IMPÉRIO

Assim de repente
quase me pareceu o teu nome em latim
gravado na pedra.


LISBOA E A QUESTÃO SOCIAL

A greve da Transtejo
de uma a outra breve margem
separa-nos para sempre.


MIRANDELA E UMA TARDE DE SÁBADO

Sem este espelho de água
o que seria hoje
de nós.


COPENHAGA E A PRIMAVERA

Oferecer uma rosa
à jovem de olhos de nuvem
que vendia flores.


ANTIGUA GUATEMALA E OS DESASTRES

Assim lá estivesses 
o vulcão
era o menos.


MAPUTO NA ZONA ALTA

A embaixada 
e o tédio da secretária da embaixada
de ter numa tarde 

tão quente
perdido uma partida
de golfe.


LATINA E O AMOR

E quem nessa tarde Maria Manuel
me haveria de recordar o famoso edifício
com o M de Mussolini?


FLORENÇA E AS MÁQUINAS FOTOGRÁFICAS

Em vez da polícia
fumar um cigarro na varanda
do Palazzo Vecchio

e ser 
apanhado 
pelos japoneses.


CHAVES E O TEMPO

Percorro hoje os corredores do Liceu
como o único lugar do mundo
onde nunca estive.