O tempo desloca os lugares
e rouba-lhes sentido. Aqui havia uma
varanda e os açudes reflectiam
no seu espelho as cerejeiras
em flor das fotografias japonesas
das caixas de costura. E havia maçãs. E
o velho do Largo numa noite muito quente
de julho mostrou-nos de memória
como era nos anos trinta o rio
de janeiro a desenhar no chão
do pátio uma nuvem de luz evaporada.
Hoje regressamos em silêncio: olhamos
a noite e tememos saber que nomes
nos devolve ou temos para lhe dar.