os teus olhos demoram no inverno
as primeiras sombras -
os teus olhos adormecem nos guindastes das obras
a súbita exasperação dos meses -
nem assim um rio primitivo
divide com as aves
a luz precária de novembro -
nem assim uma nuvem
mistura nas lágrimas
as imagens verdadeiras do amor -
e regresso às ravinas declivosas dos teus ombros
como se pudesse morrer
só de me tocares -